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Benefícios do vinho para a saúde: de que vinho eu vou?

  • Trudiane Baldissera | Médica
  • 19 de abr. de 2017
  • 4 min de leitura

Procianidinas, resveratrol, flavonóides, epicatequina... Você tem ideia do que são? Nem precisa decorar todos esses palavrões, mas, saiba que esses são alguns dos responsáveis por transformar o vinho em um herói, entre as bebidas alcoólicas. Existem centenas de estudos publicados no mundo todo, e outros em andamento, tentando comprovar os efeitos benéficos do vinho, entretanto as conclusões ainda são controversas, com alguns dos benefícios comprovados apenas em animais, por enquanto. Os cientistas ainda estão tentando entender exatamente quais são os compostos responsáveis, onde eles agem, se outros alimentos, além da uva, que os também possuem, trariam os mesmos benefícios e também, se o próprio álcool poderia contribuir para eles.

Vinhedos no Palácio de Canedo. León, Espanha.

Pesquisas mostraram que tais substâncias são antiinflamatórias e antioxidantes, ou seja, protegem as células sadias do organismo contra a ação dos radicais livres (moléculas que, em excesso, oxidam as células saudáveis), evitando assim o envelhecimento precoce e a formação de placas de gorduras dentro das artérias e, ainda, têm algum papel em evitar o surgimento de células cancerosas. Uma das propriedades que está bem documentada é o aumento do HDL (o chamado colesterol bom) e, com isso, a diminuição de fatores de risco cardiovascular. Além disso, alguns estudos também demonstram diminuição da pressão arterial sistêmica, diminuição do colesterol ruim (LDL), diminuição da destruição do colágeno (o que explica, em parte, os benefícios vasculares), diminuição de peso, aumento de longevidade e, até, melhora na qualidade do sono.

Certo. Agora, você deve estar pensando: e na prática, o que eu realmente preciso saber? Então aí vão algumas dicas:


1º Os "milagrosos" flavonóides estão presentes nas cascas e sementes das uvas rosadas e tintas e também em outros alimentos como mirtilo, ginkgo biloba, chá verde, cacau, entre outros. Porém, o que os potencializa e os deixa na concentração mínima adequada para acarretar as alterações vistas acima é a fermentação e, por esse motivo, nem o vinho branco, o suco de uva ou a própria fruta, teriam efeitos comparáveis aos do vinho tinto.


2º Uvas cultivadas em locais de climas mais frios têm níveis de resveratrol mais altos do que as cultivadas em climas mais quentes, como Califórnia e Espanha.


3º As variedades de uva com maior quantidade de resveratrol incluem: Malbec, Petite Sirah, St Laurent e Pinot Noir. Já a uva do tipo Tannat é a espécie com maior quantidade de procianidina (3 a 4 vezes maior que cabernet sauvignon, por exemplo).


4 º Além do tipo de uva e do ambiente de cultivo, outros aspectos do processo de fabricação do vinho também são muito importantes para assegurar uma maior quantidade de polifenóis: o próprio processo como é feita a fermentação e também o tempo de maceração do vinho (após a fermentação, muitos vinhos são deixados para macerar com suas sementes e cascas por dias ou semanas, para extrair toda a cor e o sabor). Quanto maior esse tempo, maior a quantidade de procianidinas nesse vinho. Para ser ainda mais prática, aí vai uma lista mostrando a diferença dos vinhos, conforme a quantidade desse polifenol, publicada no livro "The Red Wine Diet", do Dr Roger Corder:

  • vinhos australianos: tende a ser baixa, exceto pelo Cabernet Sauvignon;

  • vinhos chilenos: somente o Cabernet Sauvignon destaca-se, os outros têm moderada quantidade;

  • vinhos franceses: na França, o tempo de contato com as cascas e sementes quase sempre é prolongado, e lá os vinhos são mais designados por região, e não por variedade de uva. Sendo assim, os vinhos tintos de Borgonha tem baixa a moderada quantidade, os de Bordeux tem quantidade moderada, os de Languedoc-Roussillon e os de Côtes du Rhône tem moderada a alta.

  • vinhos italianos: os vinhos do sul da Itália têm altas concentrações e os do norte têm moderadas;

  • vinho espanhóis: em geral, têm moderada quantidade;

  • vinhos norte-americanos: Cabernet Sauvignon é o que se destaca;

  • vinhos argentinos, uruguaios e brasileiros não estão na lista, mas já sabe... eleja os feitos com uva Tannat e Malbec.

5º É importante evitar vinhos de má qualidade, pois, por serem ácidos, as substâncias benéficas oxidam.

6º Mesmo com algumas evidências já comprovadas dos benefícios, não existe recomendação médica, para que uma pessoa que não bebe vinho comece a beber, com o intuito de prevenir doença cardiovascular. Porém, se você é saudável e aprecia a bebida, você tem esse respaldo para um consumo moderado.

7º "Aprecie com moderação". Consumo moderado de vinho tinto significa: 2 cálices de 150 mL para homens com 65 anos ou menos e 1 cálice para mulheres e homens com mais de 65 anos, por dia e, de preferência, acompanhando uma refeição. Ou seja, se você não consegue beber apenas essa quantidade, melhor nem abrir a garrafa. Os malefícios do abuso de álcool para a saúde estão comprovadamente documentados.

8º Entre as contra-indicações do consumo de vinho estão: gestação, pessoas em risco ou história de abuso de álcool ou aqueles que tenham alguma intolerância ao álcool, casos em que o risco seja maior que o benefício e diabéticos cuja a doença não esteja controlada.

9º Cientistas já desenvolveram suplementos nutricionais de polifenóis para quem não aprecia ou não pode desfrutar da bebida, porém existem algumas evidências de que a maior parte do resveratrol do suplemento não seja absorvido pelo corpo.

10º Se for dirigir, não beba!


**Trudiane da Silva Baldissera é médica, formada pela Universidade de Caxias do Sul-RS, nunca foi grande apreciadora de vinho, mas agora vem se rendendo e bebendo esporadicamente.

 
 
 

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