A Moda é moderna?

Quando nos vestimos, escolhemos como queremos nos apresentar para o mundo. As roupas assumem a função de camadas de nossa personalidade: podemos esconder ou acentuar aspectos de nossos corpos e de nossas individualidades. Escolhemos aumentar, reduzir e alterar o formato de nossas silhuetas! As roupas e acessórios permitem que nos encaixemos em formas estéticas coletivas ao mesmo tempo que realçamos nossas idiossincrasias.

A-POC QUEEN, de Issey Miyake e Dai Fujiwara, 1997.

As silhuetas que assumimos são determinadas por diversos fatores, desde as mudanças das tendências de moda, até o desejo de projetar nas roupas e acessórios nossas essências e personalidades. Ao longo da história, vestimentas foram utilizadas para definir gêneros e status sociais, chegando ao ponto em que a moda significa inúmeras possibilidades no mundo atual, fluindo graciosamente entre os mais variados gêneros, sem subversões.

Para quem possui interesse por moda e design, a exposição "Items: Is Fashion Modern?", disponível no MoMA, em Nova Iorque, até o final de janeiro pode ser bastante intrigante. A exposição com curadoria de Paola Antonelli e Michelle Millar Fisher, do Departamento de Arquitetura e Design do Museu, explora o passado, o presente e o futuro de itens bastante importantes da moda dos séculos XX e XXI, incluindo vestuário, acessórios e joalheria.

Na exposição, itens que causaram impacto na história da moda moderna podem ser analisados sob diferentes perspectivas e reflexões. Entre as mais de 100 peças expostas, podem ser vistas as muito bem conhecidas calças jeans Levi's 501s, a camisa Breton e o Little Black Dress, além do colar de pérolas, boné, tênis Adidas e camisetas esportivas.

The Little Black Dress, nas interpretações de Christian Dior, Hubert de Givenchy, Gianni Versace, entre outros.

Jeans 501 da Levi's, 1947.

Superstars, Adidas, 1983.

O Arquiteto e Designer Bernard Rudofsky, já na exposição de 1944 "Are Clothes Modern?", no MoMA, apresentou uma reflexão sobre como os corpos realmente seriam se correspondessem aos padrões estabelecidos pelas convençõe através de moldes esculpidos em gesso, provocando um pensamento crítico sobre como as pessoas se vestem. O ponto focal era a silhueta feminina e como a moda estava sempre impondo modificações sobre ela. Bernard escreveu: "Nossa civilização mantém vivo o fascínio por monstros e, ao mesmo tempo, expressa desdém pela normalidade do corpo humano. A figura feminina é redesenhada de tempos em tempos, como se fosse uma peça de mobiliário ou um automóvel."

As roupas e acessórios nos preparam para enfrentar o mundo e passar a imagem que desejamos projetar. A relevância é muito mais que meramente funcional. O vestuário nos permite abraçar ou rejeitar os padrões estéticos impostos pelos nossos tempos. Fica a reflexão!